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UM GOLE DO UNIVERSO

em crônicas

Em 2016 coloquei como uma das metas do ano "Aprender a fazer um bom nhoque", mas foi só no final de 2018 que finalmente fiz um nhoque com cara e sabor de nhoque. Um prato que eu pensei "Eu pagaria por isso em um restaurante. Não pagaria muito caro, mas pagaria". E considerando meus talentos gastronômicos, pra mim isso foi uma baita conquista, que só foi possível porque eu me empenhei muito mais do que nos anos anteriores. Em um mês eu fiz mais nhoques (e tentativas de nhoques) do que a soma de todas as tentativas dos dois anos anteriores. Eu aprendi empiricamente que a repetição constante é um importante hábito para aprendermos a fazer algo que exige técnica, tal como escrever... Que é uma das minhas metas de 2019 :)

  • Foto do escritorKaren Harumi

A moça boazinha da canjica

Atualizado: 17 de set. de 2019

[10° dia]

Hoje, procurando um relógio, encontrei uma carta que escrevi dia 17 de setembro de 2010.


Nunca entreguei. Acho que era porque eu já sabia que no fundo eu gostava mais da minha versão naquela carta do que do destinatário.


A maior parte da carta sou eu falando de ambições profissionais que eu nunca corri atrás, mas a parte que me chamou a atenção foi reviver (tão vividamente enquanto lia) um momento que poucos segundos antes eu nem me lembrava:


"[...] Te contei da moça que jogou meu copo de canjica fora?!


Pois é... eu estava em pé lá no ônibus indo para o trabalho, pirigando para lá, pirigando para cá, me equilibrando só com uma mão na barra porque a outra estava segurando o copo da minha já engolida canjica, quando uma moça aleatória lá pra lá do ônibus veio se espremendo na minha direção e me chamou! Sim, me chamou! Olhei de soslaio meio no reflexo, porque estava desprevenida e aí ela falou "Pode me dar o seu copo.". Eu, meio no automático, acabei entregando o copo e ela realmente JOGOU NO LIXO!! Aquilo mudou o meu dia, a minha viagem de casa até o trabalho! Achei tão atencioso! Pode ser que ela nem tenha feito por mim, talvez tenha sido pela sustentabilidade do planeta, mas mesmo assim... foi tão fofo! De repente ela se tornou a pessoa mais especial daquele ônibus para mim. Com algo tão pequeno... ela podia ter matado, podia ter roubado, mas ela só jogou o meu copo no lixo."


Na verdade o copo que eu segurava era de plástico,

mas isso foi o mais próximo que encontrei na internet


Com tão pouco ela conquistou a minha afinidade. Eu não sabia o nome dela, inclusive ela pode mesmo já ter matado ou roubado, mas de repente ela deixou de ser alguém que eu nunca mais lembraria para se tornar a protagonista daqueles minutos, alguém que eu iria escrever sobre em uma carta, alguém que depois de nove anos eu voltaria a me animar pela existência, a "moça boazinha do copo de canjica".




Obs.: Algumas alterações foram feitas no trecho que copiei da carta para melhorar a compreensão da história.

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