Há dois dias eu estava toda pomposa no ponto de ônibus esperando a minha irmã com um chuvisco poético caindo de fundo quando apareceu um homem lindo, todo engomado, de social, tão garboso e bonito que até a minha miopia enxergou de longe. Ele estava segurando um buquê de flores, olhou na minha direção e veio num passo firme, passando pelas várias pessoas que também estavam no ponto.
Super olho no olho.
Eu até estava tentando me lembrar se o conhecia de algum lugar...
Pensei em todas as coisas incríveis que ele podia dizer ou fazer quando chegasse até mim. E eu sabia que ele chegaria até mim. Das coisas incríveis que ele poderia dizer, pensei inclusive em "Quer casar comigo?" - e eu não ia conseguir negar.
Se ele quisesse a senha do meu cartão e até o final do meu rímel favorito que estava acabando e eu ando ridicando para mim mesma para durar mais, eu dava. Não acho que ele fosse enriquecer muito com a minha senha e os cílios dele estavam perfeitos já sem o rímel, mas era esse o nível de compartilhamento que eu fiquei instantaneamente disposta. Aí ele chegou perto, parou, exalou seu perfume igualmente garboso e disse (com aquele sorriso muito fofo):
"Licença? Você saberia dizer como faço para chegar ao metrô da linha azul?"
Fim.
Sim.
Foi só isso dessa vez.
Lição do dia: nem todos os dias acontecem coisas "doidas", ilógicas, mágicas e atípicas. Às vezes as pessoas só querem saber como chegar à linha azul do metrô. Às vezes as coisas são normais e muito lógicas. Principalmente quando a gente quer que elas sejam doidas!

Esta sou eu horas depois de não me casar com um moço desconhecido,
mas garboso,
no ponto de ônibus,
lidando com a desilusão com o apoio da minha irmã
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