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UM GOLE DO UNIVERSO

em crônicas

Em 2016 coloquei como uma das metas do ano "Aprender a fazer um bom nhoque", mas foi só no final de 2018 que finalmente fiz um nhoque com cara e sabor de nhoque. Um prato que eu pensei "Eu pagaria por isso em um restaurante. Não pagaria muito caro, mas pagaria". E considerando meus talentos gastronômicos, pra mim isso foi uma baita conquista, que só foi possível porque eu me empenhei muito mais do que nos anos anteriores. Em um mês eu fiz mais nhoques (e tentativas de nhoques) do que a soma de todas as tentativas dos dois anos anteriores. Eu aprendi empiricamente que a repetição constante é um importante hábito para aprendermos a fazer algo que exige técnica, tal como escrever... Que é uma das minhas metas de 2019 :)

  • Foto do escritorKaren Harumi

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Atualizado: 10 de nov. de 2019

Transcrição de algumas anotações pessoais (alteradas):


16.04.13

Não é incrível como podemos mudar nossa opinião em uma questão de segundos?


Gostar e desgostar de uma pessoa é muito relativo ao modo como somos e fomos apresentados "pelo destino". O sentimento de gostar (e desgostar) pressupõe a ideia de que se conhece, mas acho que nunca conhecemos alguém o suficiente para desgostarmos totalmente. O ser humano tem a ótima capacidade de acumular histórias e sentimentos que nos fazem mudar a todo momento e nos tornar desconhecidos, inclusive de nós mesmos.


As pessoas não se limitam à uma única história e um único sentimento. Quando estamos dispostos sempre podemos encontrar algo em comum mesmo na pessoa mais improvável que nos faz, senão compreendermos suas escolhas, ao menos simpatizarmos pelas mínimas semelhanças (e, proporcionalmente, odiarmos pela mínima diferença, se estivermos indispostos).


17.04.13

Ontem eu pensei coisas tão bacanas, mas caguei nas minhas ideias tentando reformulá-las em um "texto incrível e reflexivo" e acabei dormindo sem terminar de escrever.


Mas enfim, agora vou tentar explicar como as ideias de ontem chegaram e o que eu realmente pensei:


Ontem, umas 22h eu já estava com muito sono, mas me deu nas ideias de interagir socialmente. A verdade é que eu estava com vergonha de admitir que às 21h59 eu já viro abóbora, então me mantive firme e forte sentada no sofá. As pessoas vão acabar descobrindo isso eventualmente, afinal vamos dividir um apartamento por quase um mês, mas eu pensei "Vai que elas são dessas que a primeira impressão é a que fica?", por sorte, eu mesma não sou, e era sobre isso que eu ia escrever - em quão rápido a minha 1ª (e também a 2ª e a 3ª) impressão foram descartadas, mas eu ainda não sabia disso até então.


Quando eu to com sono o tempo passa diferente e como aquela conversa pareceu ter durado 3 anos, devem ter passado 3 segundos - mas foi o suficiente para alguém me apresentar uma nova perspectiva de algo tão enraizado em mim: como eu desperto o meu afeto e empatia. E não foi por algo que a pessoa disse, mas pela simples e alta existência dela. Eu nunca esperei transformar tão rapidamente intimidação em admiração. Alguém que antes eu não sei se eu pagaria uma coxinha, agora me ofereci para fazer o jantar (talvez uma coxinha seja mais saborosa, mas a intenção é boa, só pra ressaltar).


Eu despertei um preconceito pela minha insegurança. Será que todos os preconceitos surgem da insegurança? Sempre pensei que o preconceito vem quando não estamos bem com nós mesmos, mas será que não estou simplificando um problema muito complexo? Ou será que querem que acreditemos que o problema é complexo para que a gente desista de encontrar uma solução, que no fundo é bem simples?


Na verdade eu não sabia que aquilo dentro de mim era preconceito até quebrá-lo. No meu caso, o mais difícil de quebrar esse preconceito foi abrir a mente, sair da caixinha, sem nem saber que eu estava com a mente fechada.


Enfim.


Mas eu estava com muito sono. Muito sono. Muito sono mesmo e fiquei me auto contemplando pensando como eu era brilhante por ter tido uma brilhante reflexão sobre meu preconceito, fiquei soberba. E repetindo, eu estava com muito sono e as ideias se embaralharam e foi aí que eu perdi completamente o fio da meada do que eu queria escrever...


Por fim, o que eu pensei ontem é que basta uma pequena coisa acontecer para mudarmos nossa opinião. E o que eu penso agora é que basta alguns minutos de sono para filosofarmos sobre a nossa mudança de opinião.


Acho que lapidei melhor o meu conceito de preconceito:


É comum que a gente coloque "rótulos" nas pessoas conforme as características que reconhecemos, é um processo ansioso de reconhecimento, mas não necessariamente preconceito. O preconceito talvez seja não considerar que todas as pessoas são feitas de vários "rótulos" e que nenhum deles possui cola permanente. Assim como um copo de requeijão perde o seu rótulo e pode se tornar um medidor de arroz, nós também podemos nos adaptar para algo que consideramos mais útil no mundo. (Às vezes eu faço umas comparações que nem eu mesma entendo direito, o que eu quis dizer é:) Temos várias características e elas mudam. Algumas duram a vida toda, outras alguns segundos, mas nada é necessariamente permanente. Se até a cor do cabelo, que é algo genético, embranquece, porque características muito mais subjetivas seriam constantes? Eu tenho quase certeza que hoje eu sou uma pessoa mais legal que ontem, por exemplo.


O problema do preconceito é a ideia fixa. É não querer reconhecer além do que lhe convém. É ter medo de mudar.


(O preconceito) É a acomodação do pensamento, não acompanhar a evolução do ser e dos pensamentos alheios. É limitarmos alguém ou um grupo de pessoas à uma única característica, é tirar sua complexidade humana, tornar um ser humano em um personagem e nunca estar disposto a mudar de opinião. É quando a oportunidade aparece e a gente resiste em reconhecer todos os lados, todos os pontos de vista, todas as explicações, todos os ângulos que nos é mostrado de uma história.


Muitas vezes mesmo depois de conhecermos por anos alguém, nós escolhemos limitá-la à uma ou mais características e pensamos que isto não é preconceito porque temos a falsa sensação de conhecermos tudo o que a pessoa foi e poder ser, mas o preconceito me parece exatamente isso, limitar algo ou alguém ou um grupo à uma ação, uma escolha, um erro, um acerto, uma crença, uma diferença, uma semelhança, um único ponto de vista.


O ser humano é uma linha e os preconceituosos só veem um ponto.


Por isso morro de medo quando eu vejo um monte de pontos na multidão.




Aí está a prova do meu sono: eu não consegui nem colocar a data corretamente.

(e achei bem cósmico esse "New Perspective" no final da página que eu só notei agora)

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