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UM GOLE DO UNIVERSO

em crônicas

Em 2016 coloquei como uma das metas do ano "Aprender a fazer um bom nhoque", mas foi só no final de 2018 que finalmente fiz um nhoque com cara e sabor de nhoque. Um prato que eu pensei "Eu pagaria por isso em um restaurante. Não pagaria muito caro, mas pagaria". E considerando meus talentos gastronômicos, pra mim isso foi uma baita conquista, que só foi possível porque eu me empenhei muito mais do que nos anos anteriores. Em um mês eu fiz mais nhoques (e tentativas de nhoques) do que a soma de todas as tentativas dos dois anos anteriores. Eu aprendi empiricamente que a repetição constante é um importante hábito para aprendermos a fazer algo que exige técnica, tal como escrever... Que é uma das minhas metas de 2019 :)

  • Foto do escritorKaren Harumi

Procrastinação

Atualizado: 10 de nov. de 2019

Eu tenho a sensação de que eu já falei sobre isso aqui.


[pausa]


Acabei de olhar por cima tudo o que escrevi antes nesse blog e aparentemente essa sensação foi infundada. Eu já falei muito sobre procrastinação, mas pelo jeito não por aqui...


Então hoje é o dia:


Acabei de voltar de viagem. Nas últimas semanas eu tive o prazer de conhecer Brasília e Belo Horizonte (na verdade Lagoa Santa seria o mais correto, mas por hábito, vou deixar Belo Horizonte mesmo) e


[CARACA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Eu ia escrever que fazia dois dias que eu havia chego de viagem e não tinha feito nada além de dormir, porque eu estava bem cansada e estava com receio de ficar doente com a brusca virada no tempo e a minha má alimentação durante a viagem - só que aí eu olhei o calendário do computador pra ter certeza que eram apenas dois dias e aqui estava registrado que hoje era dia 06 de agosto 2019, ou seja, quatro dias depois da minha chegada no dia 02 de agosto 2019 e eu fiquei realmente apavorada por ter dormido muito mais do que eu tinha imaginado!!! Mas ufa, era só erro do computador e acabei de arrumar. Quase que esse texto sobre procrastinação tomava outro rumo. Sei lá quanto tempo o relógio e o calendário aqui estavam errados e só piorando a minha sensação de atraso! Mas voltando...]


depois de dois dias dormindo eu vim empolgada escrever como as minhas expectativas foram superadas nessa viagem e percebi que eu ainda não havia escrito tudo o que eu desejava registrar sobre como as minhas expectativas foram atendidas plenamente na minha viagem anterior, em Punta Cana. E toda a frustração pela minha procrastinação veio anulando a minha inspiração e desejando ela mesma ser o tema principal desse texto.


Desde que fui ao casamento da Bia Lena e do Toto em Punta Cana eu fiquei com o receio de achar que nenhuma outra viagem, ou mesmo qualquer outro dia em São Paulo, fosse ser grande coisa. Sem perceber eu criei uma regra em que eu acreditava que momentos muito felizes precisavam de um longo espaço de tempo entre si para acontecerem. Não esperava nada muito grandioso para os próximos meses, muito menos para as próximas semanas.


Eu comparo tudo. Todas as viagens são únicas, todos os dias tem o seu valor, eu sei, eu sei, mas eu comparo mesmo assim. Eu não sei o porquê. O meu cérebro é assim e estou tentando aceitá-lo, já que certas coisas parecem muito mais instintivas do que uma simples mudança de hábito [Adendo: eu também sei que nem toda mudança de hábito é simples, MAS CALMA, eu não posso mudar de assunto por hora! DE NOVO].


Tudo o que envolveu Punta Cana, desde a preparação até o retorno, devolveu-me uma fé de que a vida pode ser incrível, que a alegria pode ser duradoura, de que pensar positivo não é garantia de que tudo dará certo, tampouco de que tudo dará errado (é, eu estava numa vibe de achar que tudo que me empolgava e me deixava feliz eu tinha certeza que ia melar em algum momento) e principalmente de que, "dar certo" é uma questão de ponto de vista.


Eu adoro todo momento da minha vida em que, mesmo com todos os erros que cometi, todas as situações que contrariaram as minhas expectativas, todos os medos que eu sinto, o mundo parece congelar por alguns segundos e eu penso "Ainda bem que tudo aconteceu da forma que aconteceu, senão eu não estaria aqui, vivendo exatamente isso." - Talvez haja uma realidade paralela em que a Karen com 30 anos já é escritora e atriz e viva uma vida financeiramente estável. Em que a Karen talvez até já seja casada e tenha filhos com alguém que nessa realidade aqui ela nunca vá conhecer. Em que a Karen aprendeu a pensar antes de falar, a cuidar do que ela não quer que estrague, em que coma salada e frutas com mais frequência e saiba dançar o quadradinho de oito. E ainda assim, mesmo que eu pudesse ser qualquer outra Karen, eu fico feliz de ser exatamente essa que está escrevendo agora.


Eu tenho uma lista de todas as vezes que pensei isso na minha vida (dado interessante: não sei se por coincidência ou hormônios, a adolescência foi a época em que eu tive menos incidência desse pensamento!). Pra minha sorte foram muitas. Preenche quase toda uma folha de almaço. E Punta Cana abrigou um desses momentos (Brasília e Belo Horizonte também, mas calma).


E mesmo eu já tendo feito um textão de agradecimento aos noivos (que eu compartilhei no Facebook e reproduzi aqui no blog também), eu não escrevi nem um quinto de tudo que eu quero registrar de lá com detalhes:


- O dia em que consegui o vestido de madrinha;

- todos os corres para conseguir comprar os dólares à tempo;

- os momentos filosóficos e divertidos que compartilhei com a Cíntia por dividirmos o quarto;

- ver duas pessoas que eu amo no ápice de suas felicidades como um casal;

- a percepção de como é fácil se acostumar com uma vida com vinho, praia e conforto o dia inteiro e se esquecer do mundo;

- a minha recorrente incompreensão do porquê é tão normal vermos alguém em roupas de banho quando há água na paisagem e tão incômodo quando estamos em um ambiente fechado;

- da consciência de que tem alguma maldição que só me permite conhecer pessoas potencialmente interessantes quando eu sinto que eu to só o pó da rabiola e,

- bom... muitas e muitas outras coisas.


A única coisa que me consolava de voltar da viagem de Punta Cana era porque finalmente eu escreveria sobre ela. Iria revivê-la na memória e transcrevê-la. Eu adoro contar histórias quase tanto quanto vivê-las.


Pois bem, voltei, agradeci no Facebook todo mundo que fez dessa viagem incrível num lapso de inspiração após ver o vídeo do casamento e pof... Voltei à inércia da minha vida paulistana em que eu sinto que não tenho tempo pra nada, mesmo eu às vezes não tendo nada pra fazer o dia inteiro.


Logo engatei as obrigações do trabalho, viajei de novo, com expectativas muito baixas - lembrando que eu ainda estava com aquela ideia de que por mais bacana que fosse, não ia ser grande coisa se comparado à Punta Cana - quando eu fui pega de surpresa!


FOI INCRÍVEL!


E aí que entra um dos grandes problemas da procrastinação, amiguinhos:


Eu ainda nem escrevi tudo o que desejava registrar sobre Punta Cana e a vida foi tão gentil comigo e já me trouxe novos momentos incríveis em Brasília e Belo Horizonte (meio conjugado com Lagoa Santa e Confins) que eu estou ansiosíssima para escrever, mas que por uma auto-obrigação mental e lógica, só vou poder escrever depois de registrar tudo o que eu vivi e pensei em torno da viagem para a República Dominicana. É óbvio que eu posso ignorar tudo o que eu não fiz e simplesmente escrever sobre Brasilia e Belo Horizonte, mas as frustração ainda estaria aqui.


A procrastinação sempre nos deixa despreparada para vivermos o momento, para fazemos o que desejamos, para iniciar algo. A procrastinação sempre vem acompanhada da insatisfação de estarmos com algo incompleto, não finalizado ou mal-feito.


A procrastinação nos impede de sermos no presente quem no passado desejávamos ser no futuro (será que essa frase ficou muito confusa?).


Explicando: já faz tempo que eu busco ser uma pessoa que registra todo momento incrível e todo pensamento que decorre do simples ato de viver o meu cotidiano, de tirar lições, aprendizados, e de rir de momentos que nem sempre foram tão engraçados quando eu vivi. Eu quero, e queria, ser alguém que escreve sempre, que não pára de escrever, que escreve sem inspiração, mas, mais importante ainda, que jamais deixaria pra escrever depois quando a inspiração viesse - mas eu o fiz. Eu deixei pra depois. Eu procrastinei.


Aí agora, nesse presente que estou vivendo, eu sou uma pessoa enrolada - insatisfeita por não ter escrito tudo o que está há dias na minha mente e me sentindo despreparada para escrever sobre algo novo, quando nem terminei de dizer tudo o que eu queria ter dito antes.


No passado eu queria ser alguém no futuro que, agora que o futuro chegou e se tornou presente, eu não sou.


MAS VOU TENTAR SER!


DE NOVO!


ATÉ CONSEGUIR!


Começando ao escrever sobre exatamente isso, A Procrastinação.


Capítulo introdutório das próximas histórias que escreverei sobre Punta Cana, Brasilia e Belo Horizonte.


Capítulo motivador para que eu também responda todas as pessoas que deixei pra "responder depois" e não respondi porque abusei da relatividade da palavra depois.


Capítulo catalizador para eu desfazer a minha mala, lavar as minhas roupas, e ser no presente quem eu quero ser no futuro. Já que escrevendo tudo isso aqui eu acabei de perceber que o futuro é um mero espelho de quem somos agora. O futuro não será outro se eu continuar a mesma. E no futuro eu espero, no mínimo, ser uma pessoa de roupas limpas que pisa no chão sem precisar desviar da mala arreganhada.



"A minha vida anda mais dinâmica que a minha disposição para registrar os momentos cósmicos que ando vivendo."

Karen do passado


"Vou lavar roupa agora."

Karen do presente


"Ainda bem que eu já fiz tudo o que eu precisava fazer por hora."

Karen (esperamos) do futuro

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