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UM GOLE DO UNIVERSO

em crônicas

Em 2016 coloquei como uma das metas do ano "Aprender a fazer um bom nhoque", mas foi só no final de 2018 que finalmente fiz um nhoque com cara e sabor de nhoque. Um prato que eu pensei "Eu pagaria por isso em um restaurante. Não pagaria muito caro, mas pagaria". E considerando meus talentos gastronômicos, pra mim isso foi uma baita conquista, que só foi possível porque eu me empenhei muito mais do que nos anos anteriores. Em um mês eu fiz mais nhoques (e tentativas de nhoques) do que a soma de todas as tentativas dos dois anos anteriores. Eu aprendi empiricamente que a repetição constante é um importante hábito para aprendermos a fazer algo que exige técnica, tal como escrever... Que é uma das minhas metas de 2019 :)

  • Foto do escritorKaren Harumi

Você é o Sol

Atualizado: 20 de set. de 2019

[17º dia]

Eu adoro qualquer efeito que impulsiona e guia a nossa imaginação, mas não consigo apreciar aqueles que distorcem a nossa realidade.


Gosto mais do chucro do que do polido.


Gosto do estímulo, não da ilusão.


Gosto daquilo que incentiva a mente a pensar e não daquilo que a subestima.


Deve ser por isso que geralmente gosto mais de musicais, do que de filmes.


Para mim, uma troca de cenário bem feita com a ajuda da luz e do movimento é mais emocionante do que as explosões do Michael Bay.


Recentemente, sentada na quarta fileira de um espetáculo, pensei na ironia de eu conseguir ver (com ajuda dos meus óculos, claro) os relevos da pele da protagonista mesmo naquela distância e como em alguns filmes, com a câmera focada em uma única pessoa, quase colada no seu rosto, tudo parece tão liso e uniforme.


Mas já estou mudando de assunto, o que eu ia dizer era sobre imagens estáticas; fotos, mais especificamente. De que...


...Por isso vou sempre preferir o Paint do que o Photoshop.


(Apesar de bem saber que isso depende muito mais do artista do que da ferramenta)


Eu admiro, também, os efeitos mais sutis que nem sempre jogam sua mensagem de forma literal, no entanto, eu não sou muito boa com mensagens subliminares e várias vezes me passam despercebido, por isso os meus efeitos favoritos são aqueles que nos guiam direto ao ponto. Efeitos que, por mais literais que sejam, ainda me fazem pensar quantos caminhos podemos tomar a partir de uma única imagem estática e isso por si só, pra mim, já cria muito movimento.


Contudo não me desce esses efeitos que distorcem a realidade de tal forma que ela ainda pareça real, mas numa "versão melhorada".


E mesmo não sendo fã, eu já usei, confesso, mas por insegurança e aceitação - no meu caso nunca foi por criatividade.


Comecei a desgostar quando descobri que a pele lisa e brilhosa de quase toda modelo era uma combinação de Spot Healing Brush Tool e suavização com pincel a 8% de fluxo com finalização de burn an dodge. Mas o desgosto piorou quando eu vi um conhecido aplicar altos efeitos em um pôr-do-Sol porque, naquele dia, o Sol não saiu na foto como ele desejava. Não estava tão "colorido, vibrante, grande e imponente" como ele precisava.


Foi aí que caiu a minha ficha que nem mesmo o sol, o Astro Rei, que nem tem outro astro semelhante aqui perto de comparação, consegue estar à altura das expectativas e imaginação das pessoas.


E me fez pensar muito isso: até o Sol, que é o Sol, tem lá seus dias mais coloridos que outros, não porque ele deixa de brilhar, mas porque toda a paisagem é uma construção da interação de diferentes fatores, de diferentes elementos do meio - e não é porque o Sol não tá lá nos seus dias mais quentes em São Paulo que quer dizer que não esteja bombando em Aruba ou Ubatuba. Aqui em Dionísio Cerqueira, inclusive, o Sol podia brilhar menos nas horas que trabalho lá na fronteira.


E apesar do Sol nem sempre estar fotogênico, o que realmente o torna tão magnífico é que sem ele nenhum de nós existiríamos! A realidade é que ele não precisa ser mais brilhoso nem nada assim, só de ele reaparecer todo dia já está de ótimo tamanho pra humanidade. Na verdade se brilhar mais, acho que daríamos muito mais atenção às vidas que deixaram de existir do que quão bonito ele sairia numa foto. Brilhar mais significaria o prelúdio de uma explosão que não teria Instagram que conseguisse ter esse fenômeno, colorido, vibrante, grande e imponente registrado. Por isso, editores de foto, deixem o sol e as nossas estrias em paz. Mexam com a nossa imaginação e não com os nossos medos.



O sol se deitando no chão de São Borja às 21h e alguns minutos


Não tem filtro nem nenhuma edição no Photoshop, mas confesso que precisei do Paint para tornar essa foto um quadrado sem ter que cortá-la


Reparem que o Sol não precisa de nada para sair incrível em uma foto, a sua beleza é coletiva e só ressalta a beleza do que está à sua volta


Se o seu Sol não estiver tão brilhante, talvez não seja o Sol em si, talvez não seja a câmera, nem o ângulo, nem nada além das suas expectativas que estão desalinhadas de todo o restante

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