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UM GOLE DO UNIVERSO

em crônicas

Em 2016 coloquei como uma das metas do ano "Aprender a fazer um bom nhoque", mas foi só no final de 2018 que finalmente fiz um nhoque com cara e sabor de nhoque. Um prato que eu pensei "Eu pagaria por isso em um restaurante. Não pagaria muito caro, mas pagaria". E considerando meus talentos gastronômicos, pra mim isso foi uma baita conquista, que só foi possível porque eu me empenhei muito mais do que nos anos anteriores. Em um mês eu fiz mais nhoques (e tentativas de nhoques) do que a soma de todas as tentativas dos dois anos anteriores. Eu aprendi empiricamente que a repetição constante é um importante hábito para aprendermos a fazer algo que exige técnica, tal como escrever... Que é uma das minhas metas de 2019 :)

  • Foto do escritorKaren Harumi

Apatude

Atualizado: 21 de fev. de 2021

[9° dia]

Há um tempo atrás eu escrevi num caderno sobre apatia e plenitude e como eu não conseguia identificar a diferença entre ambas. O fato de ser um texto cheio da palavra "acho" e "talvez" me fez desistir de trazer isso à público, o mais próximo que cheguei de expor foi um tweet, mas hoje renovei minha vontade de pensar sobre isso...


Você sabe a diferença sobre apatia e plenitude?


Essa dúvida não tem nenhuma intenção em te julgar. Seria muita hipocrisia inclusive, é só uma dúvida real. Não é uma jogada de marketing nem tem nada a ver com neurolinguística, é uma dúvida em seu estado primordial: buscando uma resposta. Não é uma dúvida querendo te manipular ou te induzir a pensar em algo, é só que eu realmente não sei, e eu gostaria de saber a diferença da plenitude e da apatia para tentar definir se quando ando tranquilamente pela rua olhando para o nada eu devo me orgulhar ou me preocupar.


Há pouco tempo atrás eu sabia que eu não estava bem. Longe de estar plena, mais longe ainda de estar apática, eu chorei porque um dia eu prometi comprar papel higiênico aqui pra casa e me esqueci. Dois dias depois eu dei gargalhadas, completamente sozinha, de como um papelão caiu em cima da minha gatinha - aquele foi o ápice do meu dia. Eu tinha certeza que aquela dor que eu sentia, só podia ser amor. Devia de ser. E não acho que eu estivesse errada, eu só não estava muito precisa. Amar não era o que fazia doer, era o que me fazia continuar mesmo com as dores.


Mas aí chegou hoje e tive um dia bem rotineiro para muitos, mas atípico para mim: acordei cedo, 6h02 para pegar o caminho da labuta, um treinamento do outro lado da cidade, e passei a tarde tentando me manter acordada mesmo com um bom bocado de sono me sussurrando nome de massas com molhos exóticos tentando me fazer dormi mais cedo. Eu sentia o peso da digestão do conchiglione sem nem mesmo comer. Quase no fim da tarde, cheguei em casa só para poder jogar uma água no corpo para tirar o suor com aquele cheiro de folhas de sulfite e sair atrasada para ver meus amigos. Se você estivesse cronometrando, veria que passei mais da metade da noite perdida em assuntos que não vou me lembrar nas próximas treze horas e pensei...


Seria isso apatia ou plenitude?


Eu havia conversado pouco antes com uma amiga sobre isso, talvez eu devesse ter desenvolvido mais o diálogo sobre tal complexo assunto, mas eu escolhi a fugacidade dos temas sociáveis "Posso comer sua torrada?" e "...Quase vim usando azul como você".


"Certeza que é apatia".


Aí eu ria...


"Impossível! Essa despreocupação é plenitude!"


Aí eu me pegava olhando para a parede por longos minutos...


"Talvez seja uma oscilação com ambas..."


A única certeza mesmo é que este nível de sono que rechearam os conchigliones que me alimentaram o dia inteiro impede que eu chegue a alguma conclusão que seja satisfatória para alguém acordado. Mas tão logo eu acorde, vou pensar nisso de novo, caso eu não esteja apática demais para esquecer ou plena demais para não me importar.



Este pássaro... Estaria apático ou pleno?

(talvez bravo)



Obs.: são 3h15, mas como ainda não dormi (incrivelmente), a regra número 2 deste desafio de 1 Crônica por Dia no mês de Janeiro é que só muda o dia se eu dormir de pijama (se eu dormir de calças é considerado um longo cochilo e o dia permanece o mesmo!)

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